
Em breve muitos poderão escrever suas memórias.
Hoje temos muito tempo depois de reclamar-mos da falta do mesmo, não sabemos o que fazer com o excesso dele.
Um cárcere voluntário em favor daquela que passa despercebida diante de nossos olhos.
Preciso sair e não posso, mas quero sair e não devo, não me atrevo.
Há um silêncio ensurdecedor!
O vizinho do 10° andar, arrasta os móveis enquanto tento adivinhar a configuração de seu apartamento.
Li,
Dormi,
Assisti,
Ouvi,
Ri.
Novos e velhos amigos
Algumas pequenas confusões
e o relógio lá com preguiça de trabalhar.
Na tv, Bethânia diz “Monólogo de Orfeu”
É o lirismo que mantém viva minha mente e o medo dele ir embora que me aflige.
Um navio em pleno oceano revolto, as ondas e os rochedos.
Um descuido e a morte.
Contabilizar as horas e preservar a vida.
Nós e o tempo,
o vinho na taça,
um olhar perdido,
os livros na estante,
um vídeo para gravar
e o esboço de um trabalho sobre a mesa.
É estranho prever o futuro e saber que amanhã será quase o hoje.
Todos gritando por liberdade, já que nosso direito de ir e vir está quase cerceado em sua totalidade.
Não adianta discutir é assim e pronto!
Só queria um café com amigos, um abraço apertado ou um rosto colado e isso será quando Deus quiser.
Elisa MuTTante, Joinville (SC)