“Essa árvore da casa dos meus pais sempre floresce em setembro. É a vista da janela do meu quarto.

Em 2020 está tudo tão do avesso que a árvore começou a florescer no fim de junho e, hoje, está assim.

Eu sempre fico feliz quando ela floresce. Adoro essas flores roxas. Se observarem, tem um beija-flor se divertindo aí.

Os dias de quarentena, distanciamento social, isolamento, pandemia, não estão fáceis. A cada dia a agonia aumenta enquanto não nos adaptamos a esse tal de “novo normal”.

Precisamos lidar com tanta coisa ao mesmo tempo, além de tudo o que já existia. A maneira como o país lida com a pandemia e conduz a vida da sociedade brasileira parece uma piada. E como viver em paz se um governo ignora o nosso bem maior? A vida…

Lidamos com perdas, com toda a carga emocional que a covid-19 traz, com a falta de consciência da sociedade e todos os outros problemas, como o da desigualdade social, gritam. Um completo caos.

Internamente, vem a saudade da liberdade, do ir e vir sem medo, saudade dos beijos e dos abraços, do contato físico com as pessoas que amamos.

A gente tenta driblar todos os sentimentos investindo em ocupar o tempo com cursos, leitura, filmes, trabalho. O tempo se ressignificou. Estamos lidando com mudanças a cada segundo.

E o que tem tudo isso a ver com a árvore roxa que floresceu? É o que você deve estar se perguntando…

Pra mim, ela traz esperança de que as coisas podem acontecer quando a gente menos espera. Afinal, eu só achava que ia vê-la desse jeito em setembro. Além disso, sempre associo as flores com a vida. E o beija-flor passeando ali reforça que apesar de tudo que está acontecendo existe uma vida vibrando do lado de fora.

E, quem sabe, quando a gente menos esperar tudo isso vai passar?”

Aline Rickly, Petrópolis (RJ)