
são cento e oito dias sem abraços.
dois sem conversas cara a cara.
me levo para o sol. escrevo dois poemas de moleton sob o sol.
nenhum de amor.
limpei a casa para esquecer do dia. usei a furadeira mais do que devia.
penso em pintar o muro de branco, mais uma vez, amanhã.
pedirei paz, enquanto houver tinta.
venta. abro a casa. é inverno em todo canto.
a sombra na parede me interroga sobre desistências.
desligo todas as luzes para que a sombra se vá.
me deixo dançar sozinha no bar. tenho um neon escrito bar na sala.
parece que o dia passou em branco. mas não.
faço um diário das sutilezas do dia.
Ângela Coradini, Cuiabá (MT)