Revolta do ócio

Num tempo em que ficar em casa não era uma questão de saúde pública e a vadiagem gesto de extrema liberdade, os vagabundos eram poucos e muitos eram os problemas da classe.

Era uma vida difícil, eram muito descriminados por aquela sociedade, que de sete dias da semana trabalham seis, e em troca recebem um salário que paralisou se no espaço mínimo entre o dedão e o indicador do Chico Anysio e um duvidoso direito a um dia de vagabundo por semana.

Dia esse jogado fora!

Porque eles não sabiam como usar direito, não tinham muito jeito pra coisa e acabavam lavando o carro, dando uma geral na casa e, quando descansavam ou se dedicavam ao pensar, era em prol do trabalho.

Vagabundo é coisa séria!

E algo que  não se conquista do dia pra noite como se pensa por aí, e nem se aprende na escola.

E matando aula?

Pensa que era fácil ser vadio nos anos 30?

Vadiagem dava cana!

Até Noel rosa quase foi parar no xadrez por tal dedicação. E salvo por um sambinha de sua autoria que estava no bolso.

Sambas salvaram e complicaram a vida de muita gente.

Os que mais sofriam nas mãos dos opressores de boas vidas, eram músicos que tocavam cavaquinho, os opressores diziam que era instrumento pra tocar algemado.

Terrível!

A bênção Pixinguinha.

Tu que eras santo, um dos únicos credenciados a transitar por todos os cômodos e terreiro da hilária Tia Ciata, salvou sob seu manto e para todo o sempre os ladrões que tentaram lhe roubar e ao ao ser reconhecido,convidou os para ir a sua casa e os batizou numa roda de choro.

Como não ir aos céus depois disso?

A bênção mestre.

E se hoje você toca um sambinha com paz e tranquilidade, muito se deve a esses nossos heróis.

Com o tempo foram grandes as conquistas,  até o Aurélio não resistiu e reservou um espacinho todo dedicado só aos  ociosos.

Quem diria.

Um homem tão ocupado.

Se não fosse esses  avanços os músicos veriam o sol nascer quadrado com frequência.

No caso de Paraty, toda segunda.

Já pensou?

E o forró?

No xilindró?

Credo!

Calma gente, sem pânico, por favor, já bati quatro vezes na madeira. É que tenho preferência a números pares.

Mais não é toque não.

Porém, mesmo fazendo esse  Baticum todo, essa nossa gente os nossos ancestrais não eram possuidores do título de vagabundos perante os olhos de tais.

Um único vagabundo é capaz de reproduzir o som do silêncio sem sequer mexer os dedos.

E entoar 4:33 de John Cage como ninguém.

Mais no fundo no fundo gostariam de tocar um instrumento.

Mais era impossível.

A não ser por renúncia.

A atividade requer estudo e disciplina e isso o vagabo não tem, e nem pode, feria o estatuto do ócio que rege desocupados mundo a fora.

É isso mesmo, a relatos dessa espécie por todo o mundo.

E em todos os países tiveram e tem o hábito de falar sempre a língua local, podendo falar até mais de uma.

Tem vadio poliglota. 

Dizem que se a linguagem da Internet não tiver o sucesso esperado, antes da comunicação telepática universal os vagabundos do mundo todo falaram inglês.

Aliás, não se sabe a origem dessa gente, as más línguas dizem ser oriundas da china.

No mínimo estranho, um país que tem trabalho escravo até hoje e muita gente trabalha acima da carga horária dita normal.

Sei lá.

Só sei que ela está com a razão.

He iracema tu não tá não!

Mais o que eles têm em comum além de um jeitinho especial de ser, é serem constantemente  confundidos com o que eles não são.

No Brasil são diariamente confundidos com os engravatados de Brasília.

O que deixa o cultivador de

ócio p da vida e pode até desviá-lo por algum tempo de sua sina e partir pras vias de fato.

Os vagabundos puristas repulsão esses atos e diz que isso não tem nada a ver com a essência da Vadiagem nem de longe.

E afirmam que nem o pior vagabundo seria capaz de tamanha desumanidade.

Outro grande engano referente aos errantes é ser confundido com índio.

É sabido de todos que um tunante ativo não é chegado a pesca e muito menos a caça.

Além do mais o vagabundo tem o maior respeito pelo índio e o trata como um ser humano mais evoluído um espelho para a humanidade.

Nos seus sonhos mais vagabundos os moribundos sonhavam serem índios e proteger a terra de falsos  messias.

Ei você aí

Se você estiver achando que é um vagabundo só por que fica no Instagram o dia inteiro, pode ir tirando o cavalinho da chuva.

Não passas de um perdulário atemporal caro internauta.

Embora tenha os assintomáticos, nem se dão conta mais são vagabundos de corpo e alma e ócios. 

Mais agora tá tudo mudado.

E  tem um vírus pairando no ar e não é que o trabalho virou um crime é que ficar em casa se transformou em um gesto de amor.

A tecnologia que antes separava agora está unindo as pessoas, e muitas vezes promovendo encontros que seriam praticamente impossíveis mesmo sem pandemia.

Essa parte dedico aos solitários do Instagram, meu semelhante meu irmão, mesmo não tendo eu Instagram, eu te entendo e recomendo de coração moderação.

E nessa mudança toda quem aparece?

Com outros nomes e profissões mil?

Claro, eles mesmos  os falsos vagabundos.

Agora quase todo mundo virou  vagabundo, é a era da globalização da vagabundagem.

Um  verdadeiro êxodo no mundo dos negócios.

Agora aqueles que ficam em casa para garantir sua saúde e a do próximo é tratado  como vadio e inimigo número um da economia.

Isso é  o que diz os falsos madraços.

Se bem que tem aqueles que se aproveitam da situação e são confundidos com os vagabundos, mais não o são, esses são os oportunistas.

Já os autênticos, defendem a tese que, é impossível ser um verdadeiro vagabundo ficando em casa, até por uma questão etimológica da palavra que tem registro de se inaugurar nessa língua no séc XIV e vem do latim. Mais tem gente que garante   que a origem é chinesa.

Confusões de origens a parte, VAGABUNDUS quer dizer pessoa que anda sem destino.

Ao olhar do vagabundo

Primeiro: quem está em casa

não está andando sem rumo.

A gente vai da sala pra cozinha com  consciência e desenvoltura.

De casa pro  supermercado, mesmo não sabendo por que pode ir  ao supermercado e para praia não.

E segundo pra acabar com esse papo que já tá qualquer coisa e  eu já tô pra lá de marrakesh, quem tá  em casa não tá sem rumo, está na verdade numa caminhada para um bem comum ficando em casa ,ele sabe onde quer chegar com isso.

Está mais que provado, você não é um vagabundo ficando no conforto do seu lar.

E coitado dos que não o tem.

E esses gafanhotos  agora.

Espero que as pragas parem por aí se vier a caça aos primogênitos de novo eu tô f…..

Espero que isso passe  logo.

E mesmo se passar rápido faço questão de esperar sentado.

Enfim, isso tudo é para dizer:

Que a bíblia diz que o trabalho edifica o homem e o ministério da saúde adverte que um dos melhores hábitos para  saúde é a prática de exercícios físicos.

Mais os fatos comprovam que o melhor mesmo ainda é ficar em casa.

Nando Ribeiro, Paraty (RJ)