
Luto
Ninguém me avisou que Ela partiria. E de forma tão súbita e desavisada. Sem nem dar tchau, sem nem me possibilitar dizer palavras finais.
Tinha tantos planos para Ela. Tantas coisas aconteciam para Ela neste momento: e justo agora, justo agora Ela se vai. É injusta mesmo a vida.
É de um vazio sem igual encontrar seus objetos e lembranças pela casa. Seus sapatos de salto alto pretos, maquiagens coloridas, cartões do metrô, crachá do escritório, acessórios de esporte, …vestígios de suas rotinas, preocupações e planos.
Olhando para trás: por quê? Porque as coisas eram do jeito que eram para Ela? Onde ficaram seus sonhos perdidos? Por que Ela agia insistentemente daquele jeito? Estava indo em um rumo consistente com a sua essência mais profunda?
É um luto e um vazio enorme vê-la agora partir. Mas também uma esperança. Esperança de que as coisas se reacomodem, e para melhor.
Tchau, minha Vida Antiga. Descanse em paz. Sentirei sua falta. A sua passagem foi breve, mas sobreviverei. Reinventando-me. Resiliência e força há de sobra neste corpo. De todo as desconhecia, mas quando as encontrei, guardo um orgulho tremendo delas.
Que a Nova Vida, um bebê de alguns meses, que ainda não sai de casa por medo de doenças, morra também. E que eu sempre me reinvente. Neste sadio processo de não me assentar no estado de conforto.
TCA, Rio de Janeiro (RJ)