
Quando se apaga a luz elétrica, se ativa uma luz interior que segue sua ação durante a madrugada.
Medo, incertezas. “E se eu sair? E se me contaminar e trazer o vírus pra casa?” Aí descubro não ter mais emprego.
E se faltar dinheiro? E se faltar comida? Eu sou a mais jovem de casa, tenho que ser forte o bastante. Mas não sou.
Visto a armadura da Diana Prince, mas só a fantasia não basta. Um furacão devasta os meus pensamentos mais otimistas.
A realidade causa náuseas.
Ver tevê se torna insuportável: milhões de vidas perdidas, sem vacina, sem rumo.
“Mas a economia não pode parar!”, “Ah, mais e daí?”, “
Crise política, isolamento, crise econômica, pandemia, amigos partindo para a eternidade sem ao mesmo poder dizer “Adeus!” .
Vivemos num casulo. Cada vez mais, me sinto só.
Queria alguém aqui, pra cuidar de mim e falar sobre as coisas desse mundo doido, chamado contemporâneo.
Mas aí percebo: “Há quanto tempo eu me desliguei de mim e me agarrei ao que está além da vidraça da janela?”
Sinto saudade de receber carinho, de receber um abraço, um afago, não de outros: mas de mim.
Sinto saudade de mim. Dos meus dilemas, dos meus sonhos, das minhas histórias.
Sei que estou em transformação, sairei borboleta: Bela interna e externamente, livre e feliz.
E sonho que as outras lagartas se tornem borboletas, se empenhando para fazer do mundo um lugar melhor.
Cinthia Cardoso Lyn, Mogi das Cruzes (SP)