
Quarentena
Sei que de perto
Tudo está tão incerto.
Nos ronda um perigo.
E não há abrigo.
Míseros animais
No meio da pandemia
Como numa ventania
Aterrorizados.
No medo perdidos,
Quietos, escondidos.
A vida virou
Um roda moinho,
Melhor é sozinho
Ficar no seu ninho.
Na distância,
Aguardando, implorando,
Esperando a calmaria.
Iludidos,
Fingindo estar protegidos
Mas chega
Um desassossego
Fica pequena, a sala
Apertada
Uma agonia latente se instala
Uma sensação
De ameaça
Uma claustrofobia
Uma saudade, um vazio,
Nos falta um pedaço.
Então
Por um outro caminho
Vamos explorar
Achar um jeitinho
De nos aventurar
Vamos nos conectar
Mesmo sem estar perto
O amor extravasar
Cultivar a alergia, o afeto
Essa invisível corrente
Do futuro semente
Que nos mantém unidos
Atados, amados
Juntos,
Ainda que isolados
Até um novo sol brilhar
AArraes, Brasília (DF)