
Mané
E agora, Mané?
A alegria acabou,
a tristeza chegou,
o comércio faliu,
a grana miou,
e agora, Mané?
e agora, gente?
nós que não temos convênio médico,
a pandemia pegou a todos,
você que faz preces,
que clama, também ora por mim?
e agora, Mané?
Está sem emprego,
está sem sorriso,
está sem abraços amigos,
já não pode sair de casa,
e também dar umas boas risadas,
porque se sair, corona ataca,
a corpo esfriou,
a cura não veio,
o respirar não veio,
a esperança não veio,
o milagre também não veio
e tudo acabou
e tudo Ruiu
e a lágrima brotou,
e agora, Mané?
E agora, Mané?
A solidão ataca,
seus sonhos evaporam,
sua culpa e redenção,
sua filha sapeca,
sua amada era teu tesouro,
seu olhar de arrepio,
sua famosa irreverência,
sumiu — desde agora?
Com a morte do seu amor
quem mais se importa,
para você isto não importa;
quer morrer de tanto chorar,
mas a lágrima não cessou;
Dentro de você ela ainda vive,
Mileide já não vive mais.
Mané, o que fazer agora?
Talvez se não enterrasse ,
mas sim, embalsamasse,
todo mundo olhasse
e comtemplasse,
Talvez você sempre se lembrasse,
de como é bom beijá – la na sua face,
se o seu amor morresse…
Mas o seu amor não morre,
Este COVID é duro, Mané!
Nos deixa sempre sozinhos
quando pegamos este tal vírus,
sem amigos,
sem família,
para nos consolar,
sem saúde e respeito
que machuca e dilacera,
perder alguém, Mané!
Mané, esta sua história,
É a de muitas outras,
Nesta guerra Biológica.
Alexandre Prado de Almeida, Poá (SP)