
Arte e Esperança (coordenação: Hugo Cruz) 2019
Práticas Artísticas para a Inclusão Social ( PARTIS ) é uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian que apoia projetos que visem testar e demonstrar o papel que as artes podem desempenhar nos percursos de integração de comunidades mais vulneráveis. Nas duas edições realizadas (2014-16; 2016-18) e uma terceira em curso (2019-21), foram apoiados cerca de cinquenta projetos em diferentes regiões de Portugal, alicerçados em práticas artísticas como a música, as artes visuais, o teatro, a fotografia ou a dança.
Os projetos alcançaram alguns setores sociais de maior vulnerabilidade, tais como as comunidades prisionais, os refugiados, pessoas com deficiência ou doentes de saúde mental. Com o envolvimento direto de milhares de participantes, profissionais e centenas de voluntários, foram produzidos mais de mil eventos públicos aos quais assistiu um grande número de espectadores.
Chegou o tempo de olhar para o trabalho feito e refletir sobre as motivações de fundo e as aprendizagens retiradas destas iniciativas. É o que propõe a publicação Arte e Esperança. Percursos da Iniciativa PARTIS. Sob a coordenação de Hugo Cruz, encenador e programador cultural, conta com a participação de 31 autores convidados a olharem criticamente os projetos em que estão ou estiveram envolvidos.
A reflexão sobre esta iniciativa permitirá reposicionar e melhorar as intervenções, “contribuir para a discussão de políticas integradas nesta área de cruzamento entre criação artística e inclusão social, produzir conhecimento acessível aos mais diversos públicos interessados (artistas, técnicos das áreas cultural, social, educativa, académicos, estudantes e cidadãos em geral)” e contribuir com a “reflexão sobre as mesmas para a produção e circulação de conhecimento nesta área em forte expansão em todo o mundo, potenciando intercâmbios internacionais”, explica Hugo Cruz na introdução à obra.
Nos testemunhos registados cruzam-se diferentes olhares, desde quem financia ou acompanha os projetos até às equipes, parceiros e participantes, demonstrando que “é possível um diálogo construtivo e criativo, arriscando novas formas de fazer e pensar a realidade”.
Segundo François Matarasso, que prefaciou a obra, e que há 40 anos se dedica à arte participativa e comunitária, seria insensato pensar que os projetos de arte participativa podem resolver os desafios multidimensionais com que a sociedade hoje se confronta. Mas seria igualmente insensato ignorar o seu potencial no apoio à capacidade das pessoas para trabalharem em conjunto no sentido de encontrarem melhores ideias para o futuro.
A Fundação Calouste Gulbenkian recomenda o estudo “Arte e Esperança”, de Hugo Cruz (coord)