Notas da quarentena
29 de abril de 2020

Quem vc levaria para uma ilha? Com quem vc passaria semanas convivendo intensamente? Em tempos de quarentena, é uma pergunta interessante para ser respondida em algum nível.
Estamos em quarentena. É fato. Numa “ilha” quase deserta! E qual a conclusão que chegamos? Estamos com quem realmente queríamos neste momento?
Muitas pessoas talvez estejam se dando conta que não queriam estar com quem estão. Mas, por que se mantiveram por tanto tempo casadas ou cegas para coisas que seus filhos ou companheiros de vida fazem e que incomodam ?
Neste momento de reclusão forçada, concluí que a vida “normal” e terceirizada é cheia de subterfúgios… É a escola, o trabalho, a faculdade, a aula de esportes, a casa de parentes e amigos, a vida social intensa, o parquinho, etc etc etc que tira o nosso foco em nossa família e cria uma película que, mesmo não estando bom, mantém a convivência. .
Mas, quais subterfúgios são possíveis vivendo nesta ilha que o corona vírus nos impôs ? .
A COVID fez com que as famílias se olhassem de frente. Obrigou todos a se encarar no espelho, de alguma maneira. .
“Crises fazem cair máscaras”, disse Leandro Karnal. Essa frase faz sentido. .
Felizmente, estou feliz com as faces apresentadas pelos meus companheiros de quarentena. É um alento muito grande! Numa ilha, em casa, num sítio, num paraíso, na praia, no lugar mais luxuoso ou mais simples, com mais ou menos subterfúgios…. pra mim, tanto faz, tudo se torna interessante, alegre e pacífico para minha alma, desde que eu esteja com quem estou.

Jeane Câmara Guimarães Brito, Contagem (MG)