
Os médicos e filósofos do nosso século nos fizeram acreditar que a velhice poderia ser a melhor fase da vida! E mulheres como eu, acreditaram nisso! Preenchemos as nossas vidas nos exercitando em Academias, participando de cursos universitários para a “ melhor idade”; dançando nos bailes para idosos; viajando para conhecer lugares e culturas diferentes; exercitando o cérebro aprendendo um segundo idioma; recorrendo a procedimentos estéticos que suavizam a expressão cansada e decepcionada com a vida que muitos carregam no rosto; nos alimentando de maneira correta e equilibrada; consultando médicos geriatras ,uns verdadeiros gestores da velhice alheia( embora, muitas vezes, são relaxados com o próprio corpo). Tudo isso nos fazia acreditar que pudéssemos enfrentar a dita “melhor idade” sem preocupações e extremamente felizes!
Chega então a Pandemia. O nosso mundo de “ fantasia” despenca! A morte nos aguarda em cada esquina. Somos classificados como grupo de risco, candidatos preferenciais a morrer de uma forma horrível: sozinhos, num leito de hospital longe da família e o mais terrível…enterrados como indigentes.
A nossa melhor fase da vida, como o mundo nos queria convencer, se torna uma fase sombria de isolamento e de mêdo.
Eu nunca me senti tão velha na vida e o pior, sem projetos futuros. Tudo que penso em fazer como, uma simples volta para a Academia, é classificada como uma situação de gravíssimo risco! E as próprias academias já cuidaram de afastar as pessoas com mais de 59 anos.Tudo se tornou perigoso.
Aquele convívio social que tanto aconselharam os idosos a ter ,tornou-se um atentado à própria vida! E o pior, não se sabe quando poderemos voltar “ ao que era antes” ou parecido …ou vestígios…ficou difícil envelhecer assim!
Claudia Beatriz, São Paulo (SP)
