
Nestes tempos de pandemia, vivo um dia de cada vez. Agora, estou de “férias”, só esperando agosto para começar a trabalhar no modo home office. Na verdade, estou esperando, também, tudo ficar mais calmo, pois preciso assumir um concurso público, interrompido pelo isolamento. Estou escrevendo este texto e evitando as palavras que remetem ao momento pelo qual estamos todos vivendo. É surpreendente como é difícil expressar os sentimentos de confinamento, de perdas, de sofrimento, de desolação, de desesperança, de não saber o que vai acontecer no mês seguinte: se tudo vai normalizar, se as mortes vão parar, diminuir, se a vida vai voltar a ser o que era antes. Não sou a mesma, não posso ser a mesma, leio literatura para confortar as dores. Assisto a filmes e séries. Inclusive, assisti a uma série indicada, aqui, neste espaço. Estou, também, me separando, então, a reflexão é mais dolorida, porque, se este seria um momento de estar com pessoas amadas, como posso querer um distanciamento de quem conviveu anos ao meu lado? Tenho pessoas amadas com quem passo semanas sem trocar uma palavra no WhatsApp. Umas não conversam, porque estão sofrendo e não conseguem se relacionar, outras, eu mesma, nem sei a razão. Não sei o que me espera, mas tenho paciência para esperar o que ainda há para sentir, viver e sorrir.
Marcela Gomes, Santarém (PA)