PANDEMIA

Conversei com o sono
Agora ele vem
Deitada em minha cama
Luzes apagadas
Janelas abertas
Vejo o céu aveludado
A lua e as estrelas
Como a noite é linda!
A voz do meu cérebro
Não me deixa dormir
Invento sonhos para me distrair
Que o sonho me resgate
Deste sentimento de tristeza
Não tenho nada para contar
Para o meu anjo inquisidor
Não quero a manhã
O roteiro é sempre o mesmo
A corda da vida está arrebentando
Ouço o silêncio
Esta guerra será vencida?
Tanto faz
Ao final, todos morremos
Tínhamos tanta pressa
Agora somos sombras
O mundo que conhecemos acabou
Será que no novo mundo haverá mais poesia?

Marisa de Jesus, São Paulo (SP)