As minhas noites deixaram de ser noites para ser final dos tempos.
Em obscuridades, busco a mais tola mundanidade.
Entretanto, paradoxalmente, em monólogos de Narciso, inexpugnável em minha angústia, me lixo para os artifícios.
A solidão nos estupra.
O medo nos esbofeteia.
A melancolia nos acaricia.
Embriagada de realidade, me pergunto: – Em 2020 teremos vivido uma morte viva?
A plena consciência do efêmero me grita :- O mundo inteiro, hoje, passa pelo crivo da eternidade.

Shellah Avellar, São Paulo (SP)