
A vida é como uma vela acesa que pode se apagar ao mais simples sopro. Tudo é tão efêmero e isso me assusta.
A cada nova escolha ela está ali me encarando. Se reprimo meus desejos ou se postergo um sonho a morte surge para me lembrar que tenho pouco tempo; o fim do outro também me obriga a viver! Para ganhar da morte nesse jogo não basta se sentir existir. É preciso deixar um legado que perpassa o tempo e forneça um sentido a minha breve história. Por causa disso eu sofro, pois ainda não sou quem eu queria ser.
O que é a saudade?
A saudade é uma presença cômica que nos segue com sua linda imagem refletida em cada canto, sussurrando fragmentos de velhos diálogos dessa boa novela da vida. Cada trechinho dessa narração insiste em se repetir de madrugada.
A saudade tem cor favorita, manias, paladar refinado, talento e muita atitude. Seu cheiro está no café, nas flores e na tinta azul de qualquer caneta. Sinto-me ainda mais nostálgico quando o vento traz o refrão de suas músicas cantaroladas ou quando penso no seu lento afago sem motivo que me obrigava a sorrir.
Pode ser maluquice, talvez exagero romântico, mas essas lembranças acolhem, acalentam e renovam aquela ideia quase esquecida de que a vida é incrível. Sim, meus amigos, um afeto assim espanta os piores medos . Basta recordar para sentir o privilégio: são poucas as criaturas que conseguem conhecer uma mulher assim. Por outro lado, a saudade é uma simples emoção… ora, isto não me impede de ir além, expondo vírgulas e vírgulas que não definem nada. Apenas escancaram o tamanho da falta que sinto.
Amar nos dias atuais se tornou mais perigoso que entrar na Faixa de Gaza desarmado. Não precisa ser um especialista para notar a fugacidade das relações humanas. Em vista disso, qualquer um que demonstre afeto, automaticamente, ganha um enorme “X” na testa e fica vulnerável. Penso até que há pessoas que assim como bons predadores da natureza que pressentem o medo da presa, também enxergam o amor e se apropriam dele só para sentirem a falsa sensação de preenchimento e depois de um tempo (negando a pobreza do seu ego), descartam esse sentimento e buscam uma nova vítima. Há também os que não amam a si mesmos, mas fingem ser felizes com outra pessoa. Mesmo que a relação seja abusiva. Eu, bem… sou o bobo descartável.
Luis Felipe Félix Leopoldino, São João da Boa Vista (SP)