
QUALQUER HORA
Qualquer hora eu me vou
Eu me vou para as trevas
Eu me vou para o nada
Qualquer hora qualquer
Tudo fica e eu me vou
Eu me vou e não volto
Eu não volto
Juro que não
Qualquer hora
As estrelas darão sua última piscada
O sol nascerá pela última vez
E pela última vez verei teus olhos
A expressarem vida
Uma última vez eu sei que terei
Eu sei que terei a chance
Da última vez
Qualquer hora será a última hora
Do ar do mar do eu de mim
De mim para o mundo
Do mundo para mim
Não deixarei nada
Nada mais de mim será
Não serei mais nada
Nem para o nada eu irei
Para ir ao nada
O nada haveria de existir
Mas o nada é nada
Nem mesmo para o nada irei
Não deixarei tristeza
Não fui companheira dela
Não deixarei alegria
Nada de alegria sei
Não será o último suspiro
Não será o último adeus
Não será a última das últimas coisas
Pois seria o último
E o último não há
Eu já alcancei
Além dele
Ao nada do nada cheguei
Maria de Lourdes Alba, São Paulo (SP)