Não nos conhecemos

Wilde disse que sabemos o preço de tudo e o valor de nada. Bethoveen garantiu que o único sinal de superioridade que existe é a bondade. Procure Deus é o que mais se diz durante a quarentena. Toda essa desgraça deverá servir para que a humanidade aprenda um pouco mais sobre si mesma e seus mais profundos sentimentos.

Há constatações, ainda carecendo de mais evidências, de que a COVID-19 não é apenas uma síndrome respiratória aguda, mas uma doença sistêmica que ataca todos os órgãos. Fala-se dos tratamentos possíveis, dos medicamentos que podem funcionar ou não, tudo num compasso de dura e estranguladora espera.

A luta é árdua e cruel. Decidir, entre as escassas vagas hospitalares, a quem tratar e salvar. O isolamento continua sendo a forma de abrandar os contágios. Mas essa pandemia veio sem data para terminar. Sem distinguir classes sociais. A ansiedade vai consumindo a todos. A recessão econômica é uma realidade brutal e cruel. Os mais humildes sofrem mais e mais a cada dia. As janelas são o único alento para suportar os dias angustiantes de ficar em casa. A televisão repete o refrão coronavírus incansavelmente. A cabeça ferve. A alma se inquieta diante de tanta morte e incerteza.

Enquanto isso procura-se extrair do vazio o que é excessivo. A mais pura e excelça verdade é que, nunca, como agora, a Arte me soa como uma forma de Vida. Assim como sinto que os sonhos são a bússola para todos os destinos.

Com um ponto une-se a vida, com um ponto a vida se finda. Oh! Deus, quantos pontos há nos teus dardos?

Andemos de máscara! E que a ciência nos alumie!

Tere Tavares, Cascavel (PR)