
A noite
Silenciosa
Própria da própria noite
Escura e sombria
Própria da própria sombra
O vento – ah o vento sempre mais fresco
As estrelas elas as estrelas
Ou quem sabe
A chuva a cair
Os trovões a iluminar o céu
E a casa a estremecer
E o vento a assobiar
Na janela a bater
Ou às vezes
O frio a gelar o ambiente
A nos recolher
Ao aconchego do leito
Cada noite uma noite em cada noite
Própria delas mesmas
E eu na solidão
A temer os males que podem vir
Na escuridão tão ela mesma
E no instinto dos animais
Noturnos
E eu na solidão
Sem teus olhos
Sem tua voz
Sem tua presença
Sem tua esperança
Observo todos os cantos
Desta nossa casa
E o silêncio
É a resposta
Para todas as minhas indagações
Para todos os meus pensamentos
Para todos os meus sonhos
Meu medo
Não vem da noite
Não vem do amor
Que sinto por você
É a distância
Que nos agride
E pelos meus pensamentos
Próprios
E secretos
Que voam pela manhã
Junto às andorinhas
Que vão fazer verão
Maria de Lourdes Alba, São Paulo (SP)